quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O acordo com os anglicanos, convite à unidade em um tempo de ação do Espírito

A constituição apostólica “Anglicanorum coetibus”, sobre a instituição de ordinariados pessoais para os anglicanos que ingressem na plena comunhão com a Igreja Católica, constitui “um novo caminho para a promoção da unidade dos cristãos”. Foi o que assegurou Bento XVI, em 9 de novembro, em um comunicado emitido pela Santa Sé, na publicação do documento, que aparece acompanhado pelas Normas complementares emitidas pela Congregação para a Doutrina da Fé, que servirão a sua reta aplicação. A novidade da constituição, segundo esclarece a nota vaticana, consiste na introdução de “uma estrutura canônica que facilita essa reunião corporativa mediante a instituição de ordinariados pessoais”, que permitirão a grupos anglicanos entrar em comunhão plena com a Igreja Católica, “conservando ao mesmo tempo elementos específicos do patrimônio espiritual e litúrgico anglicano”.
“Esta constituição apostólica abre um novo caminho para a promoção da unidade dos cristãos, reconhecendo ao mesmo tempo a legítima diversidade na expressão de nossa fé comum”, afirma a Santa Sé. Não se trata de uma iniciativa que tenha tido origem na Santa Sé esclarece, mas de uma resposta generosa do Santo Padre à legítima aspiração destes grupos anglicanos”. “A instituição desta nova estrutura marca-se na plena harmonia com o compromisso a favor do diálogo ecumênico, que continua sendo prioritário para a Igreja Católica”, sublinha a nota vaticana. A Santa Sé indica que “a possibilidade prevista na constituição apostólica da presença de alguns clérigos casados nos ordinariados pessoais não significa de nenhuma maneira uma mudança na disciplina da Igreja acerca do celibato sacerdotal”.“Este, como afirma o Concílio Vaticano II, é sinal e ao mesmo tempo estímulo da caridade pastoral e anuncia de forma resplandecente o Reino de Deus”, acrescenta, citando o número 1579 do Catecismo da Igreja Católica.
“Como em geral os padres anglicanos são casados, a Constituição permite que, uma vez reconhecidos na Igreja Católica, eles conservem os laços conjugais em sintonia com o exercício do seu ministério”, explica o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, da CNBB, padre Elias Wolff. Segundo padre Elias, ao permitir que os anglicanos convertidos ao catolicismo conservem suas tradições litúrgicas e espirituais, o documento se coloca em sintonia com o Concílio Vaticano II, “que afirma a eclesialidade das tradições eclesiais oriundas das Reformas dos séculos XVI e XVIII”. Na opinião do assessor, a Igreja Católica não incentiva a conversão de anglicanos para o catolicismo, “mas se preocupa no modo de acolher os que querem se tornar católicos, valorizando riquezas da sua formação cristã na tradição anglicana”. A Santa Sé ainda acompanhou a publicação da “Anglicanorum coetibus” e das “Normas complementares” com um comentário do sacerdote Gianfranco Ghirlanda S.J., reitor da Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma, em que afirma que esta promulgação assim como o processo que dará origem “marcam um tempo de ação do Espírito”.
Cláudio Vieira

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