quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Padre, ministro do perdão e da misericórdia

Todos somos conscientes de que o sacerdócio é dom de Deus e, portanto, não é jamais posse de quem quer que seja, nem mesmo do próprio sacerdote. Diz s. Cirilo de Ale-xandria: “O sacerdócio é um dom da parte de Deus para administrar aos povos o Evangelho e para anunciar o Senhor Jesus”. Chamados pelo Senhor somos unidos a Ele, espiritual mas também entitativamente. Nosso ser se transforma graças à ação em nós do Espírito Santo que nos unge em nossa ordenação sacerdotal mediante seu ministro, o bispo. Em Cristo, Sumo Sacerdote, tornamo-nos sacerdotes da Nova Aliança. E é só, escreve o Papa Bento XVI, “em nome e na pessoa de Jesus, que o sacerdote pode dizer “isto é o meu corpo” e “este é o cálice do meu sangue”(n.23).
Unidos a Cristo, “o ministro ordenado, continua o Papa, age em nome de toda a Igreja quando apresenta a Deus a oração da mesma Igreja e, sobretudo, quando oferece o sacrifício eucarístico”. Por isso, acentua Bento XVI, “nunca o sacerdote deve colocar em primeiro plano a sua pessoa, nem as suas opiniões, mas Jesus Cristo. O sacerdote é servo, num serviço humilde a Cristo e à Igreja” (n.23).
Olhando, porém, nossa realidade humana, perguntamo-nos: Que significa esta inserção do sacerdote em Cristo? Evidentemente, não é algo que se dá só num momento da vida, nem se reduz a um determinado número de atividades ou funções específicas. É um processo que se estende ao longo da vida e se manifesta em cada palavra e ação de sua existência.
Tal inserção reconhece nossa condição limitada e pecadora. Por isso, declara s. Gregório de Nazianzo, “o sacerdote, em Cristo, é humilde, e só assim ele fará res-plandecer a sua dignidade, pois ele sabe de quem é ministro, de onde vem e para onde vai”. Somente desta maneira ele recebe uma força interior para se reerguer e, na ação do perdão e da misericórdia divina, reconstruir sua própria vida e de seus semelhantes. Ele experimenta a presença do Senhor, fonte da graça, que faz um Nicodemos nascer de novo e a pecadora tornar-se fiel seguidora de Jesus. Esta união a Cristo coloca o sacerdote a caminho da perfeição, experimentando em sua pessoa as palavras de Jesus: “Sede perfeitos como o é o Pai”. No dizer de s. João Crisóstomo, “ele se constitui embaixador de Deus junto à humanidade toda, pois roga pelos pecados de todos, não só dos vivos, mas também dos falecidos, e o Senhor lhe será, então, propício”.
Peçamos a Nossa Senhora, Mãe de todos nós, que ela interceda por todos os sacerdotes. No final deste ano sacerdotal, ela nos conduza à identificação ao seu Filho Jesus, no qual nos reconhecemos, de fato, irmãos e igualmente participantes da sublime missão, cujo objetivo é nossa salvação e a de todas as pessoas. Maria Santíssima, que nós sejamos instrumentos eficazes, pelo Espírito Santo, do novo céu e da nova terra, já presentes no vosso Filho ressuscitado!
Dom Fernando Antônio Figueiredo
Bispo da Diocese de Santo Amaro

Nenhum comentário:

Postar um comentário